O Balde
Rio de Janeiro,
minha cidade de agora.
Me preencho
com teu peso.
Sou um balde que flutua
com um furo
em tuas águas sujas
e pouco a pouco afunda.
As três da madrugada
às três da tarde,
no túnel, na orla;
a mesma hora
se desdobra
desde o Império romano?
Rio de Janeiro, segundo milênio
da era de Cristo
quase findo.
O umbigo é o centro
do universo. O umbigo
de ninguém em concreto.
Tempo de menos.
Os que estão vivos
mal compreendem a vida.
Somos muito milhões de indivíduos
e para a maioria deles
não teria nada a dizer.
A não ser, talvez
"toda vida
é sagrada"
(e isto dito
dar as costas).
Conheço umas centenas de pessoas
que são minha idéia de humanidade.
Acho a humanidade doce.
Estou só.
Tenho desejos.
Mas nenhum ímpeto.
Até mesmo o sexo
ficou melhor imaginado
do que vivido.
Atravesso vários bairros
várias vidas.
Sou ouro e lixo.
Nas minhas asas puras
acolho, recolho
tua porra
e tua excremento.
Rio eterna
efêmera
aberta
Roma, Atenas, Pompéia.
Rio de Janeiro, 2 de maio 1997
minha cidade de agora.
Me preencho
com teu peso.
Sou um balde que flutua
com um furo
em tuas águas sujas
e pouco a pouco afunda.
As três da madrugada
às três da tarde,
no túnel, na orla;
a mesma hora
se desdobra
desde o Império romano?
Rio de Janeiro, segundo milênio
da era de Cristo
quase findo.
O umbigo é o centro
do universo. O umbigo
de ninguém em concreto.
Tempo de menos.
Os que estão vivos
mal compreendem a vida.
Somos muito milhões de indivíduos
e para a maioria deles
não teria nada a dizer.
A não ser, talvez
"toda vida
é sagrada"
(e isto dito
dar as costas).
Conheço umas centenas de pessoas
que são minha idéia de humanidade.
Acho a humanidade doce.
Estou só.
Tenho desejos.
Mas nenhum ímpeto.
Até mesmo o sexo
ficou melhor imaginado
do que vivido.
Atravesso vários bairros
várias vidas.
Sou ouro e lixo.
Nas minhas asas puras
acolho, recolho
tua porra
e tua excremento.
Rio eterna
efêmera
aberta
Roma, Atenas, Pompéia.
Rio de Janeiro, 2 de maio 1997
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