Abu Ishaq Ibrahim Ibn Sahl al-Isra’ili al-Ishbili – melhor conhecido como Ibn Sahl de Sevilha, foi um dos maiores poetas do Al-andalus, nascido em Sevilha em 1212. Ibn Sahl nasceu no seio de uma família judia, mas converteu-se ao Islã. Quando a região caiu sob domínio de Fernando III de Castela durante a chamada "Reconquista", Ibn Sahl exilou-se em Ceuta, onde tornou-se secretário do  regente almorávida  Abu Ali Ibn Khallas. Em 1251, ao enviar seu filho em missão diplomática à corte do califa háfsida al-Mustanir I, em Ifriqiya (atual Tunísia), Abu Ali Ibn Khallas decidiuenviar Ibn Sahl com o filho. Todos  morrem quando a embarcação naufraga. O líder almorávida teria dito do poeta: "a pérola retornou ao mar."
 
A obra de Ibn Sahl sofreria com o zelo religioso, com sua obra homoerótica muitas vezes censurada. Seus poemas de amor são dedicados a dois amantes, Mûsâ ibn ?Abd al-?amad e outro chamado apenas de Mu?ammad. Tentativas de leitura religiosa levam alguns acadêmicos zelosos a interpretar estes poemas como sendo dedicados à religião de sua família e sua nova religião. A frequência com que se encontra poesia homoerótica na tradição árabe e persa da época leva-nos a crer que se trata de uma tentativa de mistificar uma poesia que se quer carnal. O caráter místico talvez manifeste-se carnalmente nestes poetas. De qualquer forma, recomendamos o trabalho de tradução do brasileiro Paulo Azevedo Chaves (Recife, 1936), que verteu vários destes grandes poetas homossexuais dessa tradição em trabalhos como Trinta Poemas e Dez Desenhos de Amor Viril (Pool Editorial, 1984) e Nus (Editora Comunicarte, 1991).
 
--- Ricardo Domeneck
 
 
 
 
 

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