AurelioAquino

AurelioAquino

Deixo-me estar nos verbos que consinto, os que me inventam, os que sempre sinto.

1952-01-29 Parahyba
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Ode aos serventes de pedreiro de meu país

quem levará esses homens
que abrem com o corpo a madrugada
e que bem antes de amanhecer
amanhecem a pulso essa cidade?
o que os guiará nessa lavratura intensa
que a cada passo não se esgota
e que a cada pranto
a vida nunca convença?
que naves levarão dentro do peito
enfunados, assim, diariamente
que os faz engolirem como contentes
os metros de desgraça à sua frente?
em que esquinas esconderão seus risos
arqueados assim sob o peso dos edifícios

talvez não sejam tão crianças
quanto o limite dos seus corpos dizem
mas que tragam pedaços de esperança
que escondem dos olhos das crises

quem levará esses homens
que rasgando a face da manhã como ofício
transferem o futuro dos seus corpos
para a fachada desses edifícios?

que tempo beberá seus anos
sobre a sombra intransigente dos andaimes?
quantos afetos ainda boiarão
na liquidez de sua humanidade?
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