Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
332030
9
27
Aceitação
16 anos de idade
durante a Depressão
eu voltava para casa
e minhas posses -
shorts, camisas, meias,
maleta e muitas páginas
de contos -
estavam jogadas no
gramado da frente e na
rua.
minha mãe me
esperava atrás de uma árvore:
"Henry, Henry, não
entre... ele vai
matar você, ele leu
suas histórias.
por favor tome
isso... €
encontre um quarto para você".
mas como o preocupava
que eu não conseguisse
terminar o colégio
eu voltava para casa
outra vez.
uma noite ele entrou
segurando
um dos meus contos
(que eu nunca lhe havia
mostrado)
e disse: "este é
um grande conto!"
e eu disse, "está bem"
e ele o devolveu para mim
e eu o li:
e era a história de
um homem rico
que havia tido uma briga terrível com
sua mulher e havia
saído pela noite afora
para tomar um cafezinho
e havia se sentado e estudado
a garçonete e as colheres
e os garfos e
os saleiros e pimenteiros
e o letreiro de neon
na janela
e pensou sobre tudo isso,
e então ele foi
a seu estábulo
para ver e tocar seu
cavalo favorito
que então
sem nenhuma razão
o escoiceou na cabeça
e o matou.
de algum modo
a história fazia algum
sentido para ele
apesar de que
quando a escrevi
eu não tinha ideia
do que
estava escrevendo.
então eu lhe disse,
"está bem, velho, você pode
ficar com isso".
e ele a pegou
e saiu
e fechou a porta e
eu acho que isso
foi o mais perto
a que chegamos.
durante a Depressão
eu voltava para casa
e minhas posses -
shorts, camisas, meias,
maleta e muitas páginas
de contos -
estavam jogadas no
gramado da frente e na
rua.
minha mãe me
esperava atrás de uma árvore:
"Henry, Henry, não
entre... ele vai
matar você, ele leu
suas histórias.
por favor tome
isso... €
encontre um quarto para você".
mas como o preocupava
que eu não conseguisse
terminar o colégio
eu voltava para casa
outra vez.
uma noite ele entrou
segurando
um dos meus contos
(que eu nunca lhe havia
mostrado)
e disse: "este é
um grande conto!"
e eu disse, "está bem"
e ele o devolveu para mim
e eu o li:
e era a história de
um homem rico
que havia tido uma briga terrível com
sua mulher e havia
saído pela noite afora
para tomar um cafezinho
e havia se sentado e estudado
a garçonete e as colheres
e os garfos e
os saleiros e pimenteiros
e o letreiro de neon
na janela
e pensou sobre tudo isso,
e então ele foi
a seu estábulo
para ver e tocar seu
cavalo favorito
que então
sem nenhuma razão
o escoiceou na cabeça
e o matou.
de algum modo
a história fazia algum
sentido para ele
apesar de que
quando a escrevi
eu não tinha ideia
do que
estava escrevendo.
então eu lhe disse,
"está bem, velho, você pode
ficar com isso".
e ele a pegou
e saiu
e fechou a porta e
eu acho que isso
foi o mais perto
a que chegamos.
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