Roberto Pontes

escritor brasileiro

Fortaleza
41341
0
5


Alguns Poemas

Para O Bem da Poesia

por Fernando Py
Dentre os livros que, de uma forma ou outra, tomam como assunto exclusivo as questões sócio-econômicas e políticas do nosso tempo, enfocando sobretudo o período negro da ditadura militar recente no Brasil, este Verbo Encarnado se assinala imediatamente pela coerência de propósitos e pela coesão interna.
Coerência que se mostra na atitude severa de combate, denúncia e condenação, mesmo quando não trata das mazelas originárias do golpe militar, mas igualmente das presentes na vida brasileira, principalmente no Nordeste sempre sofrido que o poeta vivencia no sangue e na alma. Coesão que enforma todos os poemas do livro, pois, de certo modo, eles se complementam uns aos outros, lançando luzes novas sobre os problemas dos desvalidos e dos miseráveis, no Brasil e no exterior.
Verbo Encarnado, porém, não representa apenas o desabafo e a revolta. Também reafirma uma posição já assumida na obra anterior do poeta, a sua marca pessoal diante desse mundo em que vivemos, com freqüência hostil e desprezível, mas que poderá vir a ser um dia o universo ideal da espécie humana. Roberto Pontes sabe que reformar o mundo é uma tarefa inglória, senão inútil. Caberia ao indivíduo particular, pela denúncia e pelo combate, contribuir com sua parcela na luta para melhorá-lo. E a parcela do poeta é sua obra poética.
Assim, este livro expõe o que há de errado no contexto sócio-econômico do Brasil, vibra e vergasta os nossos males – mas, acima de tudo, não se esquece de que é um livro de poemas e não um mero folheto panfletário. É importante chamar a atenção para isto, pois essa poesia, tão "datada", não se restringe ao simples fato político-social que a gerou; vai além, impõe-se ao leitor pelo acabamento dos poemas, muito bem cuidados.
E mesmo aí, mostra-se Roberto Pontes um artista acima do mero artesão. Raramente exibe ao leitor um produto bem acabado demais, certinho e sem alcance maior. Em poemas cuja forma fixa é natural – senão obrigatória – não se detém o poeta na medida rigorosa dos versos, antes deixa-os quase sempre a flutuar no balanço de uma ou duas sílabas a mais ou a menos, o que não só contribui para a melodia das linhas, como para o lucro poético do conjunto.
Se poemas como "Verbo Encarnado", "Didática do Homem", "Soul por Luther King", "Fala sobre o Medo" e muitos outros, mostram um poeta bastante afinado com o que acontece no mundo e suas repercussões em cada um de nós, já versos como os da "Chula da Rendeira" e da "Gemedeira da Floreira" provam-no senhor dos ritmos melódicos dos versos, um artista que não se deixa apequenar pelas contingências, antes assimila-as admiravelmente, transformando em matéria poética tudo o que existe de perverso no homem e no mundo. Para o bem da poesia.

FERNANDO PY é tradutor de autores como André Maurois,
Saul Bellow, Marguerite Duras e Marcel Proust. Crítico, colabora
com artigos sobre literatura para jornais e revistas do Rio, São
Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, dos quais alguns foram
reunidos no volume Chão da Crítica (1984). Poeta, autor de
Aurora de Vidro (1962), A Construção e a Crise (1969); Vozes
do Corpo (1981), Dezoito Sextinas para Mulheres de Outrora
(1981), Antiuniverso (1994); participante do livro Quatro Poetas
(1976). Foi organizador das Poesias Completas de Joaquim
Cardozo (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971) e de
Auto-Retrato e Outras Crônicas de Drummond (Rio de Janeiro:
Record, 1981). Membro da Academia Petropolitana de Letras,
dirige juntamente com Camilo Mota o jornal Poiésis/Literatura
em Petrópolis.

Leia Obra Poética de Fernando Py

Verbo Encarnado, a Lição da Liberdade

por Angela Gutiérrez
O próprio poeta Roberto Pontes lembra, em "Nota posterior" a seus poemas de Verbo Encarnado, que "encarnado é sinônimo de vermelho, havendo nas festas populares acirradas disputas entre os partidos azul e encarnado". Aceitando o mote, ressalto que, além da acepção bíblica de "verbo que se fez carne", junta-se à significação do título do livro de Roberto, a idéia da cor vermelha que, no imaginário ocidental, é a cor da paixão, reiterada, no encarnado, pela etimologia ligada à carne. A acepção de encarnado, como aquilo que é representado, ou penetrado por um espírito, o brasileirismo que considera como encarnado aquilo que assedia, importuna, o simbolismo do encarnado como cor dos partidos de esquerda, tudo isso converge para o título da coletânea de poemas que, hoje, chega ao público cearense. O verbo poético de Roberto é verbo vermelho na palavra-luta; é verbo de carne, na palavra-dor e na palavra-paixão, é verbo que nos assedia, ao exigir, em diferentes modulações, a lição da liberdade.
A mesma "Nota posterior", além de informar sobre datas, nomes e fatos ligados à gestação dos poemas, sendo, portanto, um adendo genético, funciona, também, como uma poética do autor. Nela, Roberto afirma que a poesia não é "exercício para narcisos", mas "fala insubmisssa" que age como "resistência" e como "incitação das consciências". Quem viveu a adolescência e a juventude durante "os anos de chumbo" – entre 64 e 84 – e recorda a sensação do medo, da revolta, da impotência da boca amordaçada que nos afligia nessa "página infeliz de nossa história" (na bela expressão de Chico Buarque em seu samba Vai passar), entende que os poemas de Roberto, escritos entre 64 e 83, são intérpretes dessa "memória corporal" e nos fazem não só recordá-la como reencarná-la.
Em Verbo Encarnado, o poeta nega-se o direito de contemplar a própria imagem; nunca é um só, é sempre um entre muitos: é cidadão do mundo em "Soul por Luther King", "Lembrança de Neruda", "O Pássaro Amarelo" (poema dedicado a Ho Chi Minh); cidadão do Nordeste e de Fortaleza, em "Composição sobre a Peixeira", "Os Nossos Meninos Azuis", "Chula da Rendeira", "Poema para Fortaleza" e tantos mais.
O poeta, naqueles tempos de revolta, traveste seu verbo em arma, como em "A Bala do Poema":

A palavra há de ser
a consistência da bala
.....................................
A palavra há de trazer
o peso do chumbo
a quentura
a explosão do peito
enquanto o amor não for reconhecido.

Ou, como em "Dedicatória":

Pixe muros
faça hinos
dê combate à ditadura
enforque em cordas de aço
toda forma de opressão.

Ou, ainda, como em "Definição":

trago um chicote
inquieto na mão

Mas se, em "Ultrapassagem", o poeta canta o momento feliz da fartura contra a guerra, da liberdade contra o medo, do mundo novo sem miséria, esse é o tempo do futuro:

quando o homem se souber
indigno do que até hoje cometeu

Apesar da delicadeza, quase diafaneidade, do poema "Os Ausentes", dedicado a Frei Tito –

Dos ausentes fica sempre um sorriso
como as pinturas recheias
de surpresa, reencontro e irreal.

– e que abre o livro, na versão em francês, o tom dominante de Verbo Encarnado é o que explode nas imagens audaciosas do ciclo apocalíptico, em "Antevéspera", "Véspera" e "O Dia":

e o ágape servido será dor e veneno.

No dia
e após o dia
a vida irá sumindo lentamente
e cheios de medalhas
os cus dos generais apodrecendo.

Essas são as últimas palavras do último poema do livro e, apesar de vertidas no futuro, são as que impregnam a nossa memória do passado que o livro do Roberto nos traz, dolorosamente, ao presente.

ANGELA GUTIÉRREZ é Professora Adjunta de Literatura Brasileira
no Curso de Letras da Universidade Federal do Ceará. Doutora em
Literatura Comparada pela UFMG. Pertence ao quadro de especialistas
da Associação Brasileira de Literatura Comparada – ABRALIC.
Autora de O mundo de Flora (romance) e Vargas Llosa e o Romance
Possível da América Latina (ensaio).

Reza _ Roberto Pontes
PERFUME DE CHUVA _ Roberto Pontes _ Nu _ voz violão vivo _ Bossa Pontes
PULSÃO _ Roberto Pontes _ teaser
Cachoeira de São Roberto em Pontes Gestal SP
"Aos amantes", (Roberto Pontes) - PoetizARTE
CORRETOR DE IMÓVEIS | Roberto Pontes
"Aos amantes", Roberto Pontes - PoetizARTE
Roberto Pontes - Conselheiro Tutelar
28° Certamen nacional de Coctelera "Roberto Pontes"
3-XCMG Bank XCMG (Roberto Pontes, Vice-Presidente do XCMG Bank)
O tempo dos amantes - Roberto Pontes
Pontes Gestal - Cachoeira São Roberto
como hacer un vino tinto casero
PALATOS _ Roberto Pontes _ Nu _ voz violão vivo _ Bossa Pontes
Cachoeira de São Roberto - Pontes Gestal-SP
Sidecar elaborado por el Sr. Roberto Pontes , presidente de
@Paramotor_Cachoeira São Roberto Pontes Gestal
Roberto pontes
"O tempo dos amantes", (Roberto Pontes) - PoetizARTE
Momento com Deus - Ev Roberto Pontes
Pulsão
TERNURA _ Roberto Pontes _ Nu _ voz violão vivo _ Bossa Pontes
Momento com Deus - Ev Roberto Pontes
Momento com Deus - Ev Roberto Pontes
Conferência de Abertura - Teoria da Residualidade com prof. Dr. Roberto Pontes
Roberto Pontes Reto 2
Reza
CACHOEIRA DE SÃO ROBERTO - PONTES GESTAL-SP
Roberto Pimentel Pontes (ed. resp.), RJ, "FLUXO", Línox / Shala Andirá / Roberto Pontes.
Arrepio
Roberto Pontes Conselheiro Tutelar em Monte das Gameleiras-RN
acampamento Cachoeira São Roberto Pontes Gestal
Rafa Pontes, Sub 8 2020, Sub 9 2021... ala canhoto... 🙏👏😊
PULSÃO _ Bossa Pontes
#Roberto❤Gerana
TAPA _ teaser PORTO
9 de setembro de 2023
Gameleiras Futebol Clube
CACHOEIRA DE SÃO ROBERTO EM PONTES GESTAL... UM PARAÍSO A NOSSA VOLTA
El presidente de audeb, Roberto Pontes nos presenta un cock
POESIA FALADA - "Não desesperes nunca" (Roberto Pontes) - por Thais Loiola
GameleirasFC
La Guía Del Cantinero con Roberto Pontes - ex presidente de la asociacion uruguaya de barman
Cachoeira de São Roberto - Pontes Gestal/SP 12/04/2023
Guaratuba a noite. Timelapse 30x. Casa Roberto Pontes até Fetry Boat.
BARCO _ teaser PORTO
POESIA FALADA - Poemas de Roberto Pontes - por Cássia Alves e Thais Loiola
Fernando Margarida Pontes vs Roberto Gordo Jiu Jitsu Match Brasilero 2000
10 de janeiro de 2023
24 de junho de 2021

Quem Gosta

Seguidores